03/03/2013
Anseios.
"Iniciei o caminho Walseriano há muito, muito tempo, constatei. Desde os remotos 13 anos ocupando a sala de espera psiquiátrica. Só me toquei do fato nesse sábado, 7 anos depois, ao notar que me encontro no estofado verde musgo da sala-pacata-de-sempre. Não que já esteja com o pé no manicômio, mas, pelo visto, meu alter-ego adora rondá-lo. Adora sondar o abismo. Coincidência ou não, trouxe comigo para uma releitura o tal Jakob.
Esse estofado verde causa uma ausência de estranheza tremenda. É como se já estivesse em casa. Acho que até mais confortável. Mais eu.
Nesse meu conforto físico, reencontro a árvore que chamo de minha. Não pela posse, pelo pronome, mas pela lembrança. A primavera que nomeei. Olho pra ela e vejo o riso-contido-do-mar em cada pétala. O riso que ronda as minhas primaveras.
O cômico de tudo isso é que sempre, sempre que retorno ao estofado verde, ela está florida. Vez ou outra me ignora, a tal. Porém sempre vejo no rosa primavera o sorriso-contido-oceânico.
Penso no riso dos olhos do Jakob, no sorriso da primavera e nos nossos encontros casuais (e ansiados, ao menos por mim) nos sofás de tom musgo-variado (manchado de dor, lágrima, pânico, de riso e de folha seca) que beiram a loucura. E gosto. E espero por mais. E sinto falta aos sábados ou quintas nesse antro saudoso e memorável do farol.
Nos outros dias, finjo nem ocupar essa vaga à loucura. Finjo até me deitar e fecho os olhos pra encontrar a primavera, o mar.
Alguém anunciou meu nome; hora de desaparecer."
(29/12/12)
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