03/03/2013

Das partes infindáveis; migalhas de mim.

(00/00/00)
Esse sol contra a cortina da sala me faz sentir o perfume dos dias em que você desenhava flores tortas nas contra-capas dos meus livros escondidos.
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(01/08/12)
Acordei com a poeira da lembrança e os móveis rangendo na memória. Talvez seja por isso que as minhas narinas (olhos não, nunca) não param de gotejar.
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(24/07/12)
Sabe quando você para e sente o seu coração morno? Então.
No seu farol tem um barco. Caso resolva, pegue-o e vá até o porto.
O porto não sai do lugar.
Estará lá com uma coberta e uma garrafa de amor quente pra ti.
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(29/08/12)
Escrever em papelotes
Coisas grandes e adjetivos
pobres
acanhados como a alma
adendos singelos
suspiros curtos
risos tímidos
como a pobre alma
que vive
(talvez).
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(09/02/2013)
Estou há mais de hora pensando no que te escrever. Prometi que o faria todos os dias, mas tenho procrastinado os sentimentos. Tudo anda tão torto quanto os meus sorrisos sem você.
- Choveu o dia todo.
- Você já disse isso.
- Disse? Desculpa, não lembro.
Tirei os óculos enquanto recordava o nosso diálogo de hoje. Queria saber em que dia te perdi. A gente troca umas palavras cada vez menores, enquanto mentalmente cantarolo "fica comigo... se você for embora eu vou virar mendigo, eu não sirvo pra nada..."
Larguei os óculos e resolvi fumar o marlboro como todo mundo, exceto pela rua. Tô na janela, sabe? E ela tá tão grande sem você.
Deixei um chá pronto e a cama arrumada pra ti, como sempre.
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(19/02/2013)
É engraçado como a espera pode entrelaçar as pessoas. A solidão matinal é preenchida por outros corpos cheios de vazio e cansaço existencial. O que deveria ser "só" é recheado de outros "sós" a espera de um único momento: a chegada do ônibus. Até o cachorro de 3 patas que, em todas as manhãs, manca diante do monte de corpos ocos parece mais contente.
Ele manca numa pressa de "ser" que, por vezes, gostaria de estar no lugar dele.

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